quinta-feira, 28 de março de 2013

Solidariedade de clã

"Na Argélia  o que chama mais a atenção, por ocasião da morte de uma pessoa, é o interesse que a comunidade inteira lhe devota. A este nível, a tragédia da morte é sentida, muito mais do que noutro ponto, como um atentado aos sentimentos de todo o meio social, devido a um certo poder das relações interfamiliares e intergrupais. Trata-se, sem dúvida alguma, de uma forma de solidariedade de clã (...). 
Um provérbio do Sul argelino diz: Cada lágrima que cai por um morto, é para ele uma faísca no Inferno. Na realidade, a religião muçulmana proíbe que se chorem os mortos em demasia. (...)  Muitas vezes, em certas regiões da Argélia rural, há o costume de deixar a porta da casa aberta, para permitir a todos que o desejem - mesmo desconhecidos - compartilhar a dor da família e exprimir as suas condolências. (...)"

Rachid Boudjedra 
A vida contemporânea na Argélia na época contemporânea 
 Livros do Brasil (1972) p. 54